Com a voz inconfundível de Miguel Falabella nos bastidores, o monólogo “Nasci pra ser Dercy” presta uma emocionante homenagem a uma das maiores artistas do Brasil, Dercy Gonçalves. Dercy, que desafiou padrões e revolucionou a comédia brasileira, é celebrada em uma produção estrelada por Grace Gianoukas, com autoria e direção de Kiko Rieser.
Desde maio, a turnê nacional tem percorrido diversas cidades, e agora é a vez de Salvador receber essa emocionante produção nos dias 10, 11 e 12 de novembro, no Teatro Sesc Casa do Comércio, com apresentações na sexta-feira e sábado às 20h e no domingo às 19h. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ou através do site da Sympla.
Dercy Gonçalves, que nos deixou há 15 anos, aos incríveis 101 anos de idade, finalmente recebe o reconhecimento que merece nos palcos brasileiros. O espetáculo estreou em São Paulo em 13 de janeiro, conquistando tanto o público quanto a crítica, levando a uma prorrogação de sua temporada na cidade.
O monólogo não apenas presta homenagem à carreira brilhante de Dercy, mas também oferece um mergulho profundo na vida de uma mulher que desafiou convenções. Embora tenha sido ousada e destemida em seus palcos, Dercy mantinha uma vida íntima surpreendentemente reservada, chegando a se casar e enviuvar anos depois ainda virgem. Além de desafiar a censura da ditadura militar, ela era uma defensora inabalável da liberdade, recusando-se a apoiar qualquer bandeira política específica, exceto a da liberdade e do respeito a todas as formas de existência.
Dercy Gonçalves, que se consagrou como uma vedete do Teatro de Revista, deu uma contribuição significativa para o teatro brasileiro ao levar sua expertise para a comédia popular, redefinindo completamente o gênero e inaugurando uma representação autenticamente brasileira nos palcos. Amada por todo o país, ela é uma figura amplamente reconhecida, mas ainda pouco compreendida.
Kiko Rieser, autor do monólogo, ressalta a importância de mostrar ao público a complexidade e grandiosidade de Dercy: “Dercy Gonçalves é retratada quase sempre como apenas uma velha louca que falava palavrão. Uma atriz vinda do teatro de revista que recriou a comédia brasileira. Uma mulher que era chamada de puta, mas que casou e enviuvou virgem, iconoclasta e devota, libertária mas avessa a qualquer bandeira, inclassificável e singular”, afirma o autor.