No ano em que completa 60 anos, o clássico filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, do renomado cineasta baiano Glauber Rocha, ganha destaque nos Estados Unidos ao entrar para o catálogo da Criterion Collection, empresa americana de distribuição de “importantes filmes clássicos e contemporâneos”, a partir de julho.
Com o título “Black God, White Devil”, a versão restaurada em 4k foi realizada por Paloma Rocha e Lino Meireles e promete oferecer aos espectadores uma experiência única. O filme incluirá duas horas de extras, contendo trilhas de comentários em áudio inéditos, documentários e depoimentos, tornando-se praticamente um item de colecionador.
A Criterion, fundada em 1984, atende a estudantes de cinema e mídia, cinéfilos e bibliotecas públicas e acadêmicas. Desde 2019, a empresa também possui uma plataforma de streaming, ampliando ainda mais o alcance de suas obras.
“Estamos muito felizes em trazer ‘Deus e o Diabo na Terra do Sol’ para o público americano”, diz Paloma Rocha, uma das responsáveis pela restauração do filme. “É uma oportunidade única de apresentar essa obra-prima do cinema brasileiro a uma nova geração de espectadores, em uma qualidade visual excepcional.”
O filme, lançado originalmente em 1964, conta a história de Manuel (interpretado por Geraldo Del Rey), um vaqueiro que se rebela contra a exploração imposta pelo coronel Moraes (Mílton Roda) e acaba matando-o durante uma briga. Perseguido por jagunços, Manuel foge com sua esposa, Rosa (Yoná Magalhães), e se junta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva), que promete o fim do sofrimento através do retorno a um catolicismo místico e ritual. Porém, a trama toma um rumo sombrio quando Rosa mata o beato após presenciar a morte de uma criança, e Antônio das Mortes (Maurício do Valle), um matador de aluguel a serviço da Igreja Católica e dos latifundiários da região, extermina os seguidores do beato.
“Deus e o Diabo na Terra do Sol” se junta a apenas outros dois títulos brasileiros no catálogo da Criterion: “Pixote” (1980), de Hector Babenco, e “Limite” (1931), de Mário Peixoto. Sua inclusão destaca a importância do cinema brasileiro no cenário internacional e reforça o legado de Glauber Rocha como um dos maiores cineastas do país.