O Réveillon é uma época marcada por rituais e tradições que transcendem fronteiras culturais e religiosas. Enquanto algumas práticas são enraizadas em costumes familiares, outras têm origens mais profundas, como aquelas que emanam da umbanda, uma religião brasileira de matriz africana. Salvador Entretenimento teve a oportunidade de entrevistar o pai Rodrigo Queiroz, autor do livro “Umbanda para iniciantes” e fundador da primeira pós-graduação em umbanda do país, para esclarecer o significado de algumas tradições populares de Ano Novo.
O ato de vestir branco, explica o pai Rodrigo Queiroz, é uma prática umbandista que busca reverenciar as divindades. “A roupa branca, sendo o uniforme básico da umbanda, é usada como uma forma de conexão com o sagrado. Esse costume se estende por todo o Brasil, e nas regiões litorâneas, como a Bahia, muitos aproveitam para fazer oferendas e louvores à rainha do mar, Iemanjá, associando a cor branca à boa sorte, paz e boas influências. Esse hábito ganhou força na década de 70, definindo a moda brasileira de vestimenta no Réveillon”, explica.
Já o ritual de pular sete ondas, comum durante a virada do ano, também tem suas raízes na umbanda. “Cada onda representa uma das sete linhas de umbanda, que são radiações vivas e divinas na natureza, associadas a virtudes e sentidos da vida, como fé, amor, justiça, conhecimento, expansão de consciência, criatividade, entre outros. O ato de pular as ondas é uma saudação e reverência a essas linhas e aos orixás associados a cada uma delas”, conta Rodrigo.
O escritor também contou sobre outra prática comum no Réveillon: a oferta de flores ao mar, em especial a Iemanjá. “Essa é uma forma de expressar gratidão à divina força da mãe Iemanjá, reconhecendo sua influência e proteção. As flores são símbolos de devoção e agradecimento por todas as bênçãos recebidas ao longo do ano”.
Rodrigo também deu dicas para um ano próspero em 2024 e enfatizou a importância de tomar consciência do estado atual e do papel de cada indivíduo em seu campo de atuação. Ele destaca que a prosperidade financeira resulta de um bom trabalho, reconhecimento e valorização do que se oferece.
“Quem é você no campo em que você trabalha? O que você pode melhorar, aperfeiçoar, buscar mais excelência para que no seu campo haja esse reconhecimento e valorização daquilo que você faz? Uma coisa que nunca ajuda, que nunca resolve, que não vai mesmo solucionar seus problemas, é parar para reclamar. Reclamar das coisas, reclamar do cliente, reclamar do fornecedor, reclamar do governo, reclamar da temperatura, do clima, nada disso vai te ajudar. O que você pode fazer? O que ao fazer você realiza com excelência, acredite, o reconhecimento vem rapidamente, e você será uma pessoa valorizada e muito bem remunerada, assim a prosperidade financeira é uma consequência daquilo que você está fazendo de melhor”, finalizou.