A cantora Ludmilla, que recentemente se apresentou no festival Coachella, nos Estados Unidos, está enfrentando acusações de intolerância religiosa após a projeção de um vídeo durante seu show no último domingo (21). A cena em questão exibia a frase “Só Jesus expulsa o Tranca Rua das pessoas”, o que gerou críticas nas redes sociais.
O professor e Babalawô Ivanir dos Santos revelou, em entrevista ao site Quem, que entrará com uma ação contra a artista. “Vamos andar com a representação primeiro para ver como ela irá argumentar. Por intolerância religiosa. Ela reproduziu uma atitude de intolerância grandiosa, de que ela mesma é vítima da polarização de gênero. E que sirva isso como um grande debate na comunidade, que é abarcado na nossa lei”.
Ivanir indicou que a reprodução do preconceito é o ponto de alerta. “Se ela vai dizer que reproduziu a favela, a gente sabe também que na comunidade existe intolerância religiosa, inclusive no tráfico de drogas. A coisa mais grave. Como é que uma pessoa negra, da comunidade LGBTQ+, que sofre intolerância e é discriminada reproduz isso e acha que é uma coisa comum e natural?”.
Ele ressaltou a contradição de Ludmilla e da diretora de arte, ambas da comunidade LGBTQ+, em reproduzir intolerância religiosa. “No caso da Ludmilla, mais grave ainda, por não respeitar a cultura dos seus ancestrais. Porque se respeitasse a Exu, ela jamais faria isso”.
Ludmilla foi ao seu X, antigo Twitter, para se explicar. Ela compartilhou o vídeo na íntegra e afirmou que a cena foi tirada de contexto, sendo sua intenção mostrar a realidade de uma favela. A cantora declarou: “Rainha da Favela apresenta a minha favela, uma favela real, nua e crua, onde cresci, mas, infelizmente, se vive muitas mazelas: genocídio preto, violência policial, miséria, intolerância religiosa e tantas outras vivências de uma gente que supera obstáculos”.
Ela enfatizou que seu show começa com uma mensagem explícita e que não sugeria qualquer interpretação diferente do que ela quis transmitir. Ludmilla também pediu o fim dos ataques e reafirmou seu respeito por todas as pessoas, independentemente de sua fé, raça, gênero ou sexualidade.