Raul Seixas é o homenageado na edição 2024 da FLIPELÔ, em agosto

A Festa Literária Internacional do Pelourinho (FLIPELÔ) de 2024 prestará uma reverência ao renomado poeta, cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista Raul Seixas (1945–1989), venerado como o “pai do rock brasileiro”. O evento, que ocorrerá de 7 a 11 de agosto no Centro Histórico de Salvador, destaca o impacto duradouro de Seixas, cujo apreço pela literatura desde a infância desencadeou uma profunda influência em sua carreira musical.

Celebrar o legado do artista baiano, conhecido como mestre das palavras, é uma oportunidade de apresentar às novas gerações a relevância da literatura em sua vida. A paixão pelos livros, cultivada desde a juventude, foi um fator crucial em sua jornada, moldando suas letras e harmonias singulares com talento e criatividade excepcionais.

Em um depoimento registrado no livro “Raul Seixas: Uma antologia (1992)”, de Sylvio Passos e Toninho Buda, o homenageado expressou seu desejo de ser escritor, inspirado por figuras como Jorge Amado, almejando viver exclusivamente de sua produção literária. Durante a adolescência, Seixas passava longas horas imerso na vasta biblioteca paterna, absorvendo os clássicos da literatura e desenvolvendo sua paixão por contar histórias por meio de contos, quadrinhos e poesias, muitas das quais se transformariam em canções inesquecíveis para o público brasileiro.

A escolha de Raul Seixas como homenageado pela FLIPELÔ é coerente com a tradição do evento de destacar personalidades vinculadas ao universo de Jorge Amado. Ângela Fraga, diretora-executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, destaca que, assim como o renomado autor, Raul Seixas incorporou elementos da cultura popular em suas obras, enquanto questionava as desigualdades sociais. Ângela ressalta que, ao defender uma sociedade alternativa, Seixas enfrentou a censura, perseguição e exílio durante a ditadura militar, tornando suas palavras contemporâneas e reflexivas sobre a atual realidade brasileira, caracterizada por uma constante “metamorfose ambulante”.