“Back to Black”: a cinebiografia de Amy Winehouse que se opõe a força do jazz da cantora

“Back to Black”: a cinebiografia de Amy Winehouse que se opõe a força do jazz da cantora

Repleta de adjetivos controversos como “louca”, “depravada”, “puta” e “bêbada”, Amy Winehouse, uma das maiores vozes do jazz e R&B britânico, teve sua vida retratada em “Back to Black”, dirigida por Sam Taylor-Johnson, a mesma de “Cinquenta Tons de Cinza”. Porém, o filme parece negligenciar aspectos cruciais da vida da artista.

O enfoque dado à relação conturbada de Amy com o problemático Blake deixa de lado sua infância, adolescência e até o transtorno de bulimia que enfrentou aos 15 anos. A família, principalmente sua mãe Janis, é retratada de forma superficial, contrastando com a ênfase dada à figura paterna, Mitchell Winehouse, interpretado por Eddie Marsan.

A trama parece se concentrar apenas na dinâmica entre Amy e Blake, enquanto outros aspectos de sua vida, como sua relação com a mãe e luta contra a bulimia, são relegados a segundo plano. Cynthia, sua avó materna, serve como uma influência importante, mas o filme não explora adequadamente esses elementos.

A dependência emocional de Amy em relação a Blake é destacada como seu pior vício, obscurecendo sua própria força e talento como artista. O filme parece sugerir que suas músicas de sucesso foram inspiradas por seu relacionamento tumultuado, enquanto sua voz única é minimizada.

Apesar de acertar no tom melancólico e na caracterização da Londres chuvosa, o filme falha em desenvolver adequadamente a passagem do tempo e em transmitir a verdadeira essência de Amy como mulher e artista. A atuação de Marisa Abela como protagonista é um dos poucos pontos positivos, destacando-se pela expressão facial e gestual.

No entanto, diálogos constrangedores e uma montagem confusa comprometem a qualidade do filme. O pai de Amy é retratado como herói, enquanto Blake é praticamente absolvido de culpa, resultando em um desfecho genérico e vazio que não aborda adequadamente a vida e a morte da cantora.

“Back to Black” se apoia fortemente em sua trilha sonora, mas falha em oferecer uma narrativa convincente sobre a vida de Amy Winehouse. Ao contrário do documentário “Amy”, de Asif Kapadia, o filme parece ser uma tentativa falha de Mitchell Winehouse em criar um legado para sua filha, omitindo sua verdadeira força e talento. O longa estreia nesta quinta-feira (16) em todos os cinemas do Brasil.

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