O Carnaval ainda vai demorar um pouco de chegar, mas só de ouvir o som da guitarra baiana ao entrar no Museu de Arte da Bahia, a saudade da folia momesca já aperta. Isto por que o MAB recebe até o dia 8 de novembro uma exposição em homenagem ao ícone da música brasileira – e baiana – o baiano Antônio Carlos Moraes Pires, ou melhor: Morares Moreira.
A mostra ‘Mancha de Dendê Não Sai – Morares Moreira’ é uma singela homenagem ao músico e destaca pontos importantíssimos da sua trajetória na música e cultura brasileira. Logo na entrada, o público pode iniciar ouvindo os acordes das canções do músico e logo em seguida uma linha do tempo de todos os momentos marcantes da sua carreira até o dia do seu falecimento, em 13 de abril de 2020.
Ao entrar na sala principal da exposição, os visitantes conferem ilustrações e frases das mais belas composições do artista. Além de cantor, compositor e músico, Moraes também foi um agitador cultural, escritor, cantador e poeta. A mostra consegue explorar e contar sobre cada faceta dele, além de depoimentos dos parceiros que ele teve ao longo de sua vida.
O pesquisador cultural e jornalista Luciano Matos contou para o portal Salvador Entretenimento como foi fazer parte dessa homenagem. “Fazer esse trabalho foi muito enriquecedor. A gente já acompanha e gosta muito de Moraes, mas quando você mergulha na obra de um cara tão importante, que tem uma obra tão marcante, é muito enriquecedor porque você acaba conhecendo mais, descobrindo mais. Eu li muitos livros, li as letras, tive acesso a muito conteúdo. Entrevistei os parceiros, gente da família… Isso também foi muito legal, não só de conhecer, mas se aproximar mais deles. Do universo dele, entender detalhes de músicas que a gente ouve falar e canta, mas não sabe exatamente como é”, contou.
Luciano contou também que um dos momentos mais marcantes de todo o processo foi quando a filha de Morares, Cissa, trouxe um caderno com anotações dele. “Ela disse que achou uns cadernos e em um certo momento ela encarou e veio e ela os trouxe. Teve um em especial que está aqui na exposição, que é uma réplica de um caderno de 76, com os rascunhos das letras, os rascunhos da ordem das músicas, dos músicos que tocavam tanto no disco quanto nos shows. A própria letra de Moraes escrevendo isso. A gente ficou muito emocionado vendo aqueles rascunhos ali de músicas que são importantes, como Pumbo Correio, por exemplo, entre tantas outras. Então, foi muito emocionante, assim, você vê ali, no punho dele, no papel, como ele escreveu essas primeiras versões das letras, ele ia consertando as letras, ia adaptando, ajustando e tal, isso é um dos momentos mais bonitos”, descreveu o pesquisador.
A exposição, única e exclusiva, apresenta uma retrospectiva abrangente da carreira de Moraes Moreira, destacando sua versatilidade como compositor, suas parcerias musicais, suas incursões na literatura e suas raízes profundamente conectadas à Bahia. A cidade de Salvador foi escolhida como ponto de partida para a exposição, que, ainda neste ano, irá estrear também no Rio de Janeiro.
‘Mancha de Dendê não sai’ foi idealizada pela produtora cultural, diretora da Maré Produções Culturais, Fernanda Bezerra e pela cenógrafa Renata Mota, que também assina a direção de arte e curadoria do projeto. A iniciativa, apresentada pelo Ministério da Cultura e Instituto Cultural, ficará em cartaz durante três meses no Museu de Arte Moderna da Bahia, com acesso gratuito