Documentário sobre Dorival Caymmi revela imagens inéditas de quem cantou a Bahia como ninguém

Documentário sobre Dorival Caymmi revela imagens inéditas de quem cantou a Bahia como ninguém

Texto por Adrielly Novaes Leite

Não sei se foi a primeira vez que ouvi uma música de Dorival Caymmi, muito provavelmente não, mas me recordo muito bem de quando um trabalho da escola partiu da premissa de representar a música ‘O que é que a baiana tem?’ do cantor.

Baiana tem corrente de ouro, tem torso de seda, tem sandália enfeitada. Mas no documentário de Daniela Broitman, ‘Dorival Caymmi — Um Homem de Afetos’, que teve estreia comercial na última quarta-feira (15) no Cine Glauber Rocha, o multiartista não precisou de brilho, enfeite ou qualquer outro tipo de adereço: era Dorival Caymmi com suas histórias e sensibilidade.

O longa, que participou, em 2019, da mostra competitiva do 24º Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, agora chega a 13 cidades do Brasil e tem em sua essência a simplicidade e profundidade do cantor amante dos mares.

O desenvolvimento é costurado a partir de uma entrevista inédita de Caymmi em 1998, quando o cantor tinha 84 anos, 10 anos antes do seu falecimento. Através das gravações é possível se sentir íntimo de quem cantou a Bahia como ninguém.

Caymmi, sentado perante amigos e seu filho, conta histórias sobre suas composições e fala de suas paixões como barulho do vento, o som do mar e, importante falar, as mulheres. Confesso que olhando para a tela da sala de cinema é quase possível se sentir face a face com um avô contando causos.

Diante de conversas com pessoas próximas, como seus filhos: Dori, Nana e Danilo, o cantor é colocado em lugar de cintilância através de relatos íntimos e únicos. Desde suas lembranças de menino, como a primeira vez que reparou no barulho do mar em uma praia ao lado do Bonfim, até os problemas familiares e o excesso de bebida no cotidiano.

Caetano Veloso e Gilberto Gil também fazem parte dos entrevistados e comportam-se mais como fãs e admiradores reverentes do homem que levou a Bahia para o restante do Brasil, para outros países e para o interior das pessoas.

Enquanto Caymmi arruma seus cabelos brancos e faz autoelogios em uma das gravações, ele diz: “Eu aprendi a gostar de mim gostando de outros. Né? De outras pessoas. É como se aprende a gostar.”

E foi gostando do cantor que muita gente se apaixonou pela Bahia. Para quem quer conhecer mais do cantor, vale a pena assistir ao longa. Para quem quer conhecer mais da Bahia, vale a pena ouvir, ler e admirar Dorival Caymmi todos os dias, inclusive nas telas de cinema.

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