Nove instrumentos musicais essenciais ao samba foram reconhecidos como manifestações da cultura nacional por meio de uma lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão, publicada no Diário Oficial da União na segunda-feira (30), abrange instrumentos como pandeiro, tam-tam, cuíca, tamborim, surdo, rebolo, frigideira, timba e repique de mão. Além disso, os modos tradicionais de produção desses instrumentos também foram oficializados como práticas culturais a serem preservadas.
A lei determina que esses instrumentos, quando fabricados de acordo com suas práticas e tradições culturais, serão oficialmente considerados manifestações da cultura nacional. Detalhes sobre as formas e modos de produção ainda serão especificados em decreto.
Para a mestra de percussão Jackie Cunha, o reconhecimento vem em boa hora. “A importância é gigantesca. Você encontra surdo, caixa, tamborim e pandeiro em diversos ritmos, além do samba, por trazerem essa riqueza sonora”, afirmou. Jackie começou a tocar pandeiro aos sete anos, influenciada pelas rodas de samba paulistas, e acredita que essa valorização é um marco importante para o gênero musical.
O percussionista Glauber Marques, que herdou o talento para tocar cuíca de seu avô, também comemora a oficialização. “A alma do samba é o instrumento, o coração da batucada. Sem instrumento não tem samba. A cuíca, como dizia meu avô, é o instrumento mais malandro, ela chora e dá risada ao mesmo tempo”, comentou Glauber, que começou sua trajetória na tradicional escola de samba Nenê de Vila Matilde.
Rafa, mestra de bateria da Imperatriz da Pauliceia e primeira mulher a liderar uma bateria em São Paulo, destacou a importância dos instrumentos na sonoridade do samba. “Os instrumentos musicais dão corpo e alma ao samba, seja numa roda de samba ou numa bateria de escola durante o carnaval”, disse.