O São João já passou, mas ainda teve aquela pessoa que não conseguiu todo tempo do mundo para dançar com o seu benzinho numa sala de reboco. Apesar de Salvador não ter uma casa com esse nome, em meio ao caloroso ambiente da cidade, os acordes vibrantes do forró ecoam para além das comemorações juninas e ainda encontram refúgio em espaços que convidam à dança durante todo o ano.
Alguns eventos da cidade já se destacam e levam adiante a tradição mantendo vivas as raízes do forró e proporcionando momentos de alegria e descontração aos amantes dessa dança contagiante. Como por exemplo o Forró do Talco, idealizado por Jó Miranda, e a Quinta do Baião, criação de Paulo Góes.
Prestes a completar 12 anos em novembro de 2023, o Forró do Talco conquistou seu merecido espaço na cena forrozeira soteropolitana. “A ideia era ter um forró. Eu queria fazer uma coisa para que as pessoas me conhecessem e funcionasse. Porém, quando começaram a me contratar, eu vi a necessidade de ter os dias de semana livre e transferi de quarta para domingo os bailes”, contou Jó com entusiasmo sobre a trajetória do projeto.
Batizado inicialmente como “Domingo com Jó”, o forró se espalhou por diferentes recantos da cidade, até encontrar seu verdadeiro lar na Barra. Foi ali que a genial ideia de espalhar talco pelo chão nasceu, aprimorando a qualidade da pista de dança e proporcionando uma experiência única aos participantes. Com o passar dos anos, o Forró do Talco se transformou em um encontro tradicional, que cativa não apenas os forrozeiros das escolas de dança locais, mas também encanta pessoas vindas de todas as partes do Brasil e até mesmo do exterior.
Jó ressalta a importância de atrair o público forrozeiro durante todo o ano, não se limitando apenas àqueles que se envolvem com a música no mês de junho, mas também durante o carnaval, em setembro, outubro e em qualquer época do ano. Como um dos pioneiros em manter a tradição durante todo o ano na capital baiana, ele é considerado um incentivador para que a tradição perpetue em outros locais da cidade, como por exemplo a Quinta do Baião, Forró da Gota, Coletivo Carcará e ForróSound.
Criada em outubro de 2018 pelo DJ Paulo Góes, a Quinta do Baião traz uma abordagem diferenciada aos eventos de forró em Salvador. Inspirado pelo antigo “Quarta Raiz”, que acontecia quinzenalmente às quartas, Paulo percebeu que o público estaria mais disposto a se entregar à dança nas noites de quinta-feira. Inicialmente realizado no RED, o QDB precisou se adaptar durante a pandemia e agora encontra morada na Casa da Felicidade.
“O conceito desse evento é promover uma discotecagem de forró, unindo o talento do Coletivo Carcará a outros DJs convidados. Além da QDB, outros coletivos, como Carcará e ForróSound, contribuem para a diversidade de eventos de forró espalhados pela cidade”, afirmou Paulo. De acordo com ele, a cultura do forró em Salvador está se expandindo além dos períodos festivos, como o São João.
Paulo afirma ainda que a cidade possui potencial para acolher uma maior frequência de eventos de forró, e que o público baiano carrega uma paixão inata pela dança e pela musicalidade nordestina, alimentando o fogo dessa tradição. “Acredito que Salvador vem melhorando bastante ao longo dos anos, a frequência em forró o ano todo, e possui potencial para melhorar ainda mais. O baiano e a baiana amam dançar, possuem o ritmo na veia, vejo cada vez mais escolas de forró em Salvador. Essa coisa de forró ser só no São João já é algo do passado. Não tem por que ser sazonal se tem tanta gente que ama o ano todo”, finaliza.