Dete Lima, renomada estilista e uma das fundadoras do primeiro bloco afro do Brasil, é destaque na revista Vogue.
Com quase cinco décadas à frente da produção das Deusas do Ébano, ela contou sobre a sua jornada, intimamente ligada ao bloco Ilê Aiyê, uma das principais expressões culturais do país.
Em bate-papo à revista, a profissional da moda detalha que desde os 19 anos tem sido a mente criativa para inovar a cada ano os figurinos do bloco afro.
Originária do Terreiro Ilê Axé Jitolu, no Curuzu, ela via a sua ialorixá, Mãe Hilda, adornar os orixás.
“Desde pequena já pensava no que eu poderia fazer com tecidos no corpo e na cabeça de uma mulher. E sempre pensando em uma mulher negra porque eu fui criada com a minha mãe dizendo assim: ‘Vocês são negros, são bonitos e têm que se orgulhar disso!’”, contou.
Dete Lima também falou sobre a sua abordagem única e comentada, moldando os trajes de acordo com a silhueta de cada mulher que ela veste.
“Foi uma visão de todos os espíritos de luz. Eles me deram régua e compasso. Você pega um tecido na sua mão, sem nenhuma costura, e você vai dando forma no corpo da pessoa. Não estudei isso, minha escola foi o terreiro”, revelou.
Evolução das cores com Dete Lima
Dete também falou sobre a evolução das cores desde o surgimento do Ilê, que passou a incorporar tons antes evitados pela comunidade negra.
Segundo ela, as cores eram apagadas na pele negra, além da discriminação sofrida diariamente.
Atualmente, as cores e estampas do bloco têm significados profundos, como o branco simbolizando a paz, o amarelo o ouro e o poder, o vermelho o sangue dos antepassados e o preto a identidade negra.
Além de ser reconhecida nacionalmente pelo Ilê, Dete também é responsável por vestir várias celebridades.
Entre essas famosas, estão Daniela Mercury, Majur, a cantora norte-americana Angela Bassett – que esteve em Salvador em 2023 -, e a atriz Taís Araújo.
“Cada mulher dessa é uma Deusa do Ébano para mim. Quando visto uma Taís Araújo ou uma Angela, é o mesmo orgulho que eu sinto quando eu estou vestindo uma Soraia, uma Daiana, uma Maria… Elas me realizam e todas fizeram com que meu sonho se tornasse realidade”, pontuou.