Quando foi anunciada para 2024, a animação Os Inseparáveis criou uma expectativa no público por se tratar de uma história dos mesmos roteiristas de Toy Story. O filme de 1995, assim como as suas continuações, são sucessos absolutos não só da indústria da animação, mas do cinema como um todo. Mas Os Inseparáveis não tem uma história tão envolvente e personagens tão bem desenvolvidos. Lembra Toy Story apenas pelo repeteco da fórmula em que bonecos ganham vida quando não estão sendo observados.
O filme conta a história de Don, um boneco de marionete que está cansado de interpretar sempre o mesmo personagem. Ele tem uma imaginação muito fértil e considera que precisa vivenciar novas aventuras. Don é uma clara referência ao célebre Dom Quixote de La Mancha. O outro personagem principal é um urso de pelúcia que gosta de fazer rap. Ao longo do filme, é um pouco confuso tentar entender se ele é um DJ ou um rapper. O fato é que o nome do personagem é DJ Doggy Dog.
Don foge da companhia de teatro para provar a si mesmo que pode ser um herói no mundo lá fora. Ele é um pouco atrapalhado e o filme se utiliza dessa característica para empilhar boas cenas de humor físico, com tropeços e quedas. As cenas que são parte da imaginação de Don são renderizadas como um universo fantástico em 2D, o que funciona para separar as duas “realidades”, apesar de algumas cenas fantasiosas parecerem longas demais.
Após ser descartado no lixo, Doggy Dog sai perambulando pela cidade tentando fazer amigos. A voz da sua dublagem brasileira é bastante irritante no começo, mas o telespectador se acostuma com o tempo. Ele e Don se encontram e constroem uma relação de amizade. Na verdade, essa relação não é tão bem construída assim. Ao final do longa, nem chega a ficar claro o porquê de o nome do filme ser Os Inseparáveis, já que eles passam parte considerável da história… separados.
O roteiro tem algumas soluções preguiçosas e chega até a ser meio previsível em alguns trechos, mas deve funcionar para o público infantil. Talvez quem assistir sem a informação de que os roteiristas fizeram Toy Story tenha uma experiência melhor, por ter uma expectativa mais baixa. O ritmo do filme é um pouco confuso e alguns cortes repentinos fazem parecer que está sendo exibida uma sequência de esquetes. Os Inseparáveis termina tentando emplacar uma reflexão: “tudo é melhor se usarmos a imaginação”. O pensamento serve para o próprio filme.
Nota: 5/10
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